quinta-feira, 15 de outubro de 2009

O FLUMINENSE NÃO PODE CONTINUAR À DERIVA!!!

Prezado Tricolor,

Novamente resolvo escrever sobre a situação do Clube para que todos possam realizar seus juízos de valor sobre o atual momento em que SOBREVIVEMOS, esclarecidos do que realmente está acontecendo, deixando claro, contudo, que não se trata de nenhuma “Nota Oficial”, mas sim de visões pessoais que em sua maioria podem ser coincidentes com as do Ideal Tricolor, grupo político do qual participo.

Inicialmente gostaria de salientar que o Ideal Tricolor foi criado pelo desvirtuamento completo do maior e mais importante movimento político de todos os tempos do Fluminense que foi a Vanguarda Tricolor. O nome do grupo já procurou demonstrar que continuaríamos a luta pela dignidade, modernidade e democracia dentro do Clube. Desde o seu inicio até o presente momento, sempre estive com o Ideal na oposição a esse modelo de ausência de gestão, retrógrado, ultrapassado, com total falta de transparência, de profissionalismo, seriedade, etc...
Assim, é importante ficar claro que nem eu nem o Ideal aparecemos agora na oposição. Ao revés, quando todos, inclusive alguns “ atuais grandes defensores dos interesses do Clube” idolatravam e até participavam das terríveis administrações do Presidente David Fischel, nós já denunciávamos e alertávamos sozinhos para o que estava ocorrendo, sendo chamados de xiitas, radicais, malucos, etc... Basta lembrar que até mesmo Roberto Horcades foi eleito pela primeira vez através da intervenção direta e juntamente com toda Diretoria de David Fischel.

Ah...Mas você e o Ideal apoiaram na última eleição uma chapa que tinha o Fischel como nº 1. Sim, é verdade e na minha opinião foi a decisão mais acertada e que demonstra o amadurecimento do Ideal diante do quadro político-eleitoral do Clube. Alguns que hoje nos criticam por termos continuado apoiando Peter com a chegada posterior na campanha de Fischel e do antigo grupo da Vanguarda, no passado nos criticaram por não aceitarmos fazer alianças de jeito algum (ex: eleição interna na própria Vanguarda), o que até então, lamentavelmente, tem inviabilizado todas as candidaturas de oposição.

Não acredito nem idolatria nem em satanização de quem quer que seja, devendo-se sempre levar em conta, diante de princípios é claro, a luta incondicional pelos interesses do Fluminense. Não temos medo de José de Souza e do grupo do qual participa, como não tivemos do Fischel e do antigo grupo da vanguarda. Caso José de Souza assuma pelo impeachment ou pela renúncia do Horcades, será cobrado da mesma forma que está sendo Horcades, ou seja, tendo à frente não a sua pessoa, mas os interesses do Clube. O que vai acontecer ninguém pode afirmar com certeza, pois não somos futurólogos, mas o que está acontecendo todos já estamos assistindo e há tempos. Assim como na última eleição, nós continuamos a defender a mesma coisa que sempre defendemos para o Fluminense e isso não mudará.

Tenho visto algumas pessoas fazerem um verdadeiro terrorismo com a possibilidade do José de Souza assumir temporariamente a Presidência do Clube. Independentemente da opinião de cada um em relação ao atual Vice-Presidente Geral, o fato é que não dá para manter o status quo. O CLUBE ESTÁ COMPLETAMENTE À DERIVA!!!!

Além disso, caso por alguma razão o vice assuma, já entrará com prazo de validade e não terá a menor condição de administrar o Clube sem uma imediata coalisão das diversas forças políticas do Clube (enquanto não chega efetivamente a profissionalização é claro, o que acredito apenas numa próxima gestão). Todos os grupos possuem pessoas qualificadas e que desejam lutar pelas reformas e melhorias do Fluminense. É claro que algumas já passaram dezenas de vezes pelas administrações sem ter nenhuma história feliz para contar e por isso mesmo deve-se fazer uma ampla renovação dos quadros diretivos do Clube, porém, diante do quadro que possuímos atualmente, até gostaria, mas não acredito em defesa de propostas que visam o afastamento completo de todas as pessoas que já participaram de administrações anteriores. Basta lembrar que um dos nomes mais falados para a próxima eleição é o do Peter, que participou diretamente de uma das piores administrações do Fluminense e nem por isso deve ser afastado de qualquer processo eleitoral.

Como já tinha escrito em minha outra carta, era falso o discurso de que a saída apenas do antigo vice-presidente de futebol, Tote Menezes, iria resolver os problemas do Clube. A entrada de Ricardo Tenório e de Mário Bittencourt é apenas uma medida paliativa para o Departamento de Futebol, que torcemos para dar certo. Contudo, efetivamente para o Clube não resolveu nem vai resolver, pois precisamos urgentemente de medidas mais efetivas e fortes, que dependem do mandatário maior do Fluminense, como, por exemplo:
1) Realizar uma administração tampão de coalisão com as diversas forças políticas do Fluminense;
2) Fazer uma análise da folha salarial do Clube, inclusive do futebol, verificando a possibilidade de rescisão dos contratos que forem maléficos, contrários aos interesses e possibilidades do Fluminense;
3) Tentar negociar e ou se livrar de atletas que estão há anos no Clube com baixa produtividade, que também nada ganharam e ou que possuem notória baixa qualidade técnica, adequando gradativamente a folha a nossa realidade, assim como fizeram outros Clubes;
4) Realizar a dispensa de parentes dos dirigentes do Clube e de funcionários que ocupam postos de confiança da direção e que não possuam tal característica ou que a tenham perdido em razão de fatos passados, como, por exemplo, no caso da Libertadores;
5) Reunião com os diversos poderes constituídos do Clube e com as torcidas organizadas explicitando detalhes do atual momento e procurando sensibiliza- los de que o Fluminense precisa da ajuda de todos. No mesmo momento anunciar corte imediato de regalias de conselheiros, alguns sócios e da própria torcida;
6)Mudança do relacionamento com a UNIMED e procura de parceiros complementares;
7) Análise, revisão ou rescisão, quando for o caso, dos contratos de concessionários, terceirizações e fornecedores do Clube. Existem contratos atuais que ao invés de recebermos acho que deveríamos até pagar para nos livrarmos de tão maléficos que eles são aos interesses do Fluminense;
8) Tentar renegociar o contrato da adidas e na impossibilidade tentar viabilizar de alguma forma a rescisão, assim como outros Clubes também já fizeram;
9) Procurar com a máxima urgência viabilizar o CT do Fluminense;
10) Redefinir, inclusive com profissionais qualificados, todo o planejamento do Clube;
11) Fechar todas as torneiras de saídas indevidas de dinheiro do Clube;
12) Controlar a arrecadação das escolinhas e as despesas dos esportes olímpicos, verificando o equilíbrio econômico-financeiro de cada esporte diante do Fluminense. Acabar com arrecadações paralelas, etc...

Como já dito, o Fluminense está totalmente à deriva, em todos os seus segmentos, e seu Presidente sequer inicia qualquer processo de reformas e ou de co-gestão com os demais Poderes Constituídos do Clube. Não podemos apoiar esse tipo de coisa. Ah... Mas no passado tivemos situações parecidas com as de atualmente...Sim, exatamente por isso, considero que pior do que os Presidentes passados foram os Conselhos anteriores que deixaram eles fazerem o que fizeram. O resultado é esse que está aí.

Há algo mais oportunista do que deixar de apoiar o impeachment sob a justificativa de que nas eleições para um mandato tampão infelizmente não se contaria com o voto de todos os cidadãos tricolores que se conscientizaram e ingressaram de sócio em 2009 ? Isso, na minha opinião, significa se omitir, contribuindo para a política do quanto pior melhor e ainda numa falsa certeza de ganho das próximas eleições, sob a promessa totalmente contraditória de que vai realizar a transformação/reconstrução daquilo que você próprio deixou que se destruísse.

Outro aspecto importante é quanto a gravidade dos argumentos apresentados na petição de impedimento do Presidente. Não são graves? Então realmente não sei o que está acontecendo e o que é grave realmente para o Clube. Há muito tempo que o futebol é apenas uma das conseqüências dos desmandos e das irresponsabilidades administrativas-financeiras do Clube. Como exemplo típico, podemos citar a alienação dos direitos federativos de vários jogadores para pagamento de despesas correntes, quando ao mesmo tempo se continua pagando para alguns empregados apadrinhados e privilegiados salários muito além do que são pagos pelo mercado, ficando a grande massa de trabalhadores sem o sustento de suas famílias e ameaçando, como no jornal O GLOBO de hoje, pela segunda vez só nesse semestre , uma greve geral.
A mesma coisa acontece com diversos serviços profissionais terceirizados. Também a título de exemplo, na minha área inclusive, é preciso verificar qual a necessidade do Fluminense ter 7 (sete) escritórios de advocacia contratados e se os valores pagos estão dentro de uma realidade de mercado, pois as informações que correm no Clube são de valores estratosféricos e totalmente absurdos. Tais informações precisam ser checadas profundamente já que tudo no Fluminense é obscuro e realizado à revelia de seus Poderes Constituídos, razão pela qual também surgem inúmeros boatos.

Da mesma forma temos tido conhecimento de diversos contratos de concessionários do Clube que estão vencidos e que em sua maioria são extremamente leoninos, maléficos aos interesses do Clube e que algumas pessoas da atual diretoria já andam realizando pressões para que ocorram as respectivas renovações contratuais. Já estou me aprofundando nessa questão, inclusive documentalmente, e no momento oportuno tomarei, juntamente com o Ideal, outras medidas de acordo com a minha obrigação de Conselheiro do Clube.

Em relação aos contratos da UNIMED e da Traffic então nem se fala. Não conheço NINGUÉM no Fluminense que tenha minimamente ciência de seus teores.

Se o que vem acontecendo não é grave, o que é então? Questionamentos judiciais e deferimento de liminares realmente podem acontecer para todos os lados envolvidos, mas não é em razão de tal possibilidade que devemos nos omitir.

Diante da realidade fática conhecida por todos e acima parcialmente descrita é mentiroso o discurso de que o impedimento do Presidente é um golpe. Golpe foi dado no associado do Fluminense quando da última eleição e vem sendo dado diariamente em cada torcedor do Fluminense, que é motivo de deboche de todos os outros. Golpe são os pais de família, funcionários humildes, que não podem cumprir seus compromissos pelo não recebimento de seus salários. Golpe é termos pela segunda vez esse semestre programação de Greve Geral pelo não pagamento de salários. Golpe é o nepotismo existente no Clube. Golpe é a contratação de pessoas por valores estratosféricos absurdamente acima do mercado. Golpe é o dado pelos membros do Conselho Diretor que sabotam e se envergonham da própria administração que participam. Golpe é não termos punição alguma para os comprovadamente envolvidos no escândalo dos ingressos da Libertadores. Golpe é dar o tratamento ao patrimônio do Clube que vem sendo dado. Golpe é o Fluminense retornar para a segunda divisão. Golpe é alienar o Clube para terceiros à revelia dos Poderes Constituídos do Clube. A palavra golpe precisa realmente ser melhor compreendida...

Isso posto, não obstante os argumentos acima esposados, independente do resultado e dos posicionamentos em relação ao pedido de impeachment, gostaria de deixar claro que continuarei respeitando todos aqueles que pensarem de maneira diversa e lutando para que o Ideal Tricolor na próxima eleição esteja junto com a Tricolor de Coração, a Flusócio, o Pavilhão Tricolor e com todas as demais pessoas que realmente queiram abrir as portas do Fluminense para a Dignidade, Modernidade e Democracia.

Saudações Tricolores,
Ademar Arrais Filho
Conselheiro do Fluminense Football Club

Um comentário:

  1. Grande Ademar!!

    Mais uma vez, preciosas palavras. Ponderadas, racionais e certeiras. É sempre bom nos lembrarmos que (ainda) existem cabeças pensantes dentro do Flu.

    Forte abraço,

    Bruno Curi.

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